sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um Mundo em Hipertexto

A primeira vez que assisti Minority Report (2002) fiquei deslumbrado com a possibilidade de, em um futuro próximo, podermos manipular textos virtuais, tal como faz a personagem John Anderton, interpretado por Tom Cruise no referido filme. Hoje estamos na fronteira dessa possibilidade. E o mais entusiasmante nesse processo é descobrir que ele foi impulsionado pela lógica dos games.
Minority Report (2002), filme de Steven Spielberg, baseado na obra de mesmo nome de Philip K. Dick.
 Segundo a professora e pesquisadora brasileira Lucia Santaella, compreender a revolução moderna do mundo do games é fundamental para entender como outras instâncias comunicativas e interativas aperfeiçoaram suas próprias lógicas. Acerca do crescimento do mercado dos games, Santaella explica:
Lúcia Santaella, uma das maiores intelectuais brasileiras no campo da Semiótica.
Para se ter uma idéia do papel que os jogos eletrônicos estão desempenhando na cultura humana deste início do terceiro milênio, basta dizer que a movimentação financeira de sua indústria é a primeira na área de entretenimento, superior à do cinema, e a terceira no mundo, perdendo apenas para a indústria bélica e a automobilística.

       (SANTAELLA, Lúcia. Games e comunidades virtuais. Em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/tecnopoliticas/archives/000334.html)

Sobre a interatividade proporcionada pelos jogos eletrônicos, Santaella explica que, no mundo virtual do jogo existem diferentes níveis envolvimento: uns mais rasos e outros mais profundos. Em um nível mais profundo, explica a doutora, a interatividade não funciona “apenas como experiência ou agenciamento do interator, mas como possibilidade de co-criação de uma obra aberta e dinâmica, em que o jogo se reconstrói diferentemente a cada ato de jogar” (idem). Significa dizer que, em certo nível de interatividade, o jogo nos permite recriar possibilidades e realidades alternativas no próprio contexto no qual estamos inseridos.
É mais ou menos isso que Anderton faz diante dos hipertextos holográficos, em Minority Report – ou Tony Stark, em o Homem de Ferro. É uma lógica de jogo, manipulação cibernética, criação e co-criação.


Hipertexto

Vagando pelo Wikipédia, encontrei o seguinte conceito:

"Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links. Esses links ocorrem na forma de termos destacados no corpo de texto principal, ícones gráficos ou imagens e têm a função de interconectar os diversos conjuntos de informação, oferecendo acesso sob demanda as informações que estendem ou complementam o texto principal. O sistema de hipertexto mais conhecido atualmente é a World Wide Web, no entanto a Internet não é o único suporte onde este modelo de organização da informação e produção textual se manifesta." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertexto)
       Contudo, a lógica que os computadores convencionais usam para “gerar” um hipertexto no “espaço” é notoriamente clássica, uma vez que um texto só pode ser visualizado quando outro estiver minimizado. Em outras palavras, ainda não é um super, hiper, mega hipertexto. Será, em definitivo, quando pudermos manipulá-lo, rasgá-lo, recriá-lo, contaminá-lo com nossa existência. Ou será assim, ou não será. E adivinha qual será o grande paradigma dessa revolução: O JOGO!

Luciano Simões

4 comentários:

  1. Show de bola. Mais um texto espetacular...

    O Hipertexto é um conceito magnífico. E claro, Lucia Santaella é fantástica. Quem teve oportunidade de presenciar sua conferência de abertura dos 35 anso da Fcaom - UFPA sabe do que estou falando.

    Não é menosprezar os pesquisadores e professores de comuncação de Belém, mas Santaella está muito distante deles em termos de entendimento, utilização e vivência das novas tendencias e mídias comunicativas. Tanto é que ela falou/fala de games com tanta naturalidade quanto deslumbre. Já aqui em Belém, professores viram a cara quando se fala em pesquisa em games por aqui.

    Palavra de quem vive isso na pele.

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  2. Santaella é modelo de pensadora impecável. Tenho certeza de que a questão da influência dos games em nosso imaginário tecnológico merece bem mais espaço para discussão. Mas é bom saber que existe um único acadêmico em Belém que já está se debruçando sobre essa nova temática. Mãos a obra, Brother!!

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  3. Muito bom mesmo...mas discordo de uma coisa. Dois anos atrás eu usava um monitor 4:3 de 14". Ele era otimo comparado com o antecessor tubo de 800x600, mas comprado com o meu atual 21" 16:9 é inexplicavelmente pequeno. No meu monitor atual eu "divido" a tela em 2 e posso, por exemplo, ler o Fsicanova e do outro lado acompanhar o carregamento de um video no youtube enquanto no antigo era minimizar e maximizar. O que isso quer dizer? simples! quanto maior a area de exibição, mais coisas cabem e o minimizar se torna menos necessário. Para interagir com toda essa coisa na tela, podemos citar a tecnologia touch e a kinetic -- que por sinal tem muito o que evoluir,sim --. Acho que menos de 10 anos será preciso pra, por exemplo, passar um texto pro smartphone --e ainda houverem em 10 anos--.

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  4. Eh verdade. Acredito que essa facilidade de interação dos monitores modernos já é uma avanço, mas ainda vejo a coisa como "interação paralela", tipo lado a lado, pois em termos de espaço entendo a partilha ainda sobre uma óptica newtoniana, tipo dois corpos ocupando lugares diferentes no espaço. No hipertexto do futuro eles serão visualizados no mesmo espaço. É algo assim. Concordo com vc com relação aos smartphones. São o futuro. É só questão de tempo. Abração.

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